16 de Agosto – Beata Maria Sacrário de São Luís de Gonzaga

“Jesus reine sempre em meu coração”.

 MARIA SACRÁRIO DE SÃO LUÍS GONZAGA nasceu em Lillo, Província de Toledo (Espanha), no dia 8 de Janeiro de 1881, e no batismo recebeu o nome de Elvira. Em 1886 a família transferiu-se para Madrid, pois o seu pai fora nomeado provedor da Casa Real. Para o ajudar no ofício de farmacêutico, também ela se formou em Farmácia, conseguindo a Licenciatura nesta disciplina. Deu mostras evidentes da sua capacidade profissional quando, ao morrer o seu pai em 1909, teve que assumir a direção da farmácia. No exercício da profissão não só se mostrou hábil, boa administradora, justa nos preços, mas também cheia de atenção para com os clientes, relacionando-se pessoalmente com os doentes para os animar e consolar.

Antes do falecimento do seu pai, Elvira tinha o sincero desejo de seguir a vida religiosa, mas aconselhada pelo diretor espiritual e a pedido de Ricardo, seu irmão mais novo, adiou a concretização deste propósito.

Em 1915 entrou no mosteiro das Carmelitas Descalças de Santa Ana e São José de Madrid, demonstrando ser uma mulher de «carácter forte e enérgico, capaz de levar até ao fim os mais altos ideais de santidade», como foi testemunhado pela sua Mestra de noviças. A profissão solene teve lugar a 6 de Janeiro de 1920, e sete anos mais tarde foi eleita Priora do mosteiro. Exerceu o seu trabalho como irmã maior, aberta ao diálogo com todas, preocupada também com o aspecto material do Carmelo, a fim de oferecer às Religiosas as devidas condições de uma vida digna no claustro. Ao terminar o triénio como Priora, passou a ser Mestra de noviças. Chegou mesmo a expressar-lhes o desejo de ser mártir, sobretudo depois da proclamação da República em 1931, quando a situação se foi deteriorando.

No início de Julho de 1936 Madre Maria Sacrário foi de novo eleita Priora da comunidade, e após alguns dias o Carmelo foi assaltado por uma multidão violenta que saqueou e destruiu muitas coisas. Com tranquilidade e confiante na Providência, ela cuidou das suas filhas espirituais e não descansou enquanto não conseguiu pô-las a salvo, dando-lhes ajuda material e apoio espiritual, exortando todas a aceitarem a vontade do Senhor «que tanto sofreu por nós».

No dia 14 de Agosto desse mesmo ano, os soldados descobriram o lugar em que a Madre se tinha refugiado e a levaram prisioneira, juntamente com outra religiosa. Viveu em atitude de serenidade, recolhimento e total entrega à vontade de Deus, e num ato heroico de amor ao próximo recusou-se sempre a citar o nome de um sacerdote e de outras pessoas que correriam perigo de vida se o fizesse. No dia 15 de Agosto ela foi fuzilada, concretizando-se assim o seu desejo de morrer mártir por Cristo, imolando-se pelo bem da Igreja.


Foi beatificada por São João Paulo II NO DIA 10 de Maio de 1998.

 

TRECHO DA HOMILIA DE S. JOÃO PAULO II DURANTE A CERIMÔNIA DE BEATIFICAÇÃO

Madre Maria Sacrário, farmacêutica na sua juventude e modelo cristão para os que exercem esta nobre profissão, abandonou tudo a fim de viver unicamente para Deus em Cristo Jesus (cf. Rm 6, 11), no mosteiro das Carmelitas Descalças de Santa Ana e de São José, em Madrid. Ali amadureceu a sua abnegação ao Senhor e d’Ele aprendeu a servir e a prodigalizar-se pelos irmãos. Por isso, nas turbulentas vicissitudes de Julho de 1936, teve a coragem de não delatar sacerdotes e amigos da comunidade, enfrentando com integridade a morte pela sua condição de Carmelita e para salvar outras pessoas.