Vocação: Um Chamado de Deus!

“Caminhamos como peregrinos de esperança rumo ao Ano Santo de 2025, para, na descoberta da própria vocação, podermos ser no mundo portadores e testemunhas do sonho de Jesus: formar uma só família. Este Dia é dedicado de modo particular à oração para implorar do Pai o dom de santas vocações para a edificação do seu Reino. Neste ano jubilar, somos chamados a descobrir o dom inestimável de poder dialogar com o Senhor, de coração a coração, tornando-nos assim peregrinos de esperança, porque «a oração é a primeira força da esperança (Papa Francisco).

 

“Chamo as minhas ovelhas pelo seu nome e elas escutam a minha voz”. A vocação consagrada, como a de Santa Teresinha, é dom e fruto do chamado de Jesus: “Jesus, tendo subido a um monte, chamou a Si os que Ele quis; e foram ter com Ele”. Eis todo o mistério da minha vocação, da minha vida inteira e, sobretudo, o mistério dos privilégios de Jesus para com a minha alma… Ele não chama aqueles que são dignos, mas aqueles que quer” (Manuscrito A).

 

“Vejo que em mim se realizam as palavras do Salmo 22(23): “O Senhor é meu Pastor, nada me faltará. Ele me faz descansar em pastagens agradáveis e férteis. Conduz-me suavemente ao longo das águas. Conduz a minha alma sem a fatigar… Mas mesmo que descesse ao vale da sombra da morte, não temeria nenhum mal, porque Vós estaríeis comigo, Senhor!…” (Manuscrito A 3 v).

 

A oração pelas vocações consagradas é a vocação específica do Carmelo: «O que vinha fazer no Carmelo, declarei-o aos pés de Jesus-Hóstia: “Vim para salvar as almas e, especialmente para rezar pelos sacerdotes”» (A 69 v).

 

A vocação dos carmelitas é uma missão de oração, uma missão de salvação: «Um dia pensava no que podia fazer para salvar almas (…) “A messe é grande mas os operários são poucos; rogai, pois, ao Senhor da messe que mande operários”. Que mistério!… Não é Jesus onipotente? Não pertencem as criaturas a quem as fez? Então porque diz Jesus: “Rogai ao Senhor da messe que envie operários”? Por quê?… Ah! é que Jesus tem por nós um amor tão incompreensível que quer que tenhamos parte com Ele na salvação das almas. Não quer fazer nada sem nós. O criador do universo espera a oração de uma alma pobrezinha para salvar as outras almas resgatadas como ela pelo preço de todo o seu sangue… Vede como no meu Céu há lugares vazios, cabe a vós enchê-los, vós sois os meus Moisés a orar no cimo da montanha, pedi-Me operários e enviá-los-ei, só espero uma prece, um suspiro do vosso coração!… O apostolado da oração não é por assim dizer mais elevado do que o da palavra? A nossa missão como Carmelitas é formar operários evangélicos que salvem milhões de almas das quais nós seremos as mães!» (Ct 135).

 

Somos apóstolos pela força da oração e do sacrifício: «Na montanha do Carmelo uma alma ora sem cessar ao Divino Prisioneiro do Amor, pelo sucesso da sua gloriosa conquista» (Ct 189). «Eis a minha oração… Não fazendo nada… fazendo tudo… Todos os santos na oração (…) adquiriram a ciência do Amor e levantaram o mundo» (C 36 r-v).

 

«O Espírito continua a suscitar vocações para o sacerdócio e a vida religiosa. Podemos “voltar a lançar as redes” em nome do Senhor, com toda a confiança. Não se deve excluir a possibilidade de consagrar-se a Deus no sacerdócio, na vida religiosa ou noutras formas de consagração» (Papa Francisco, Christus vivit, nn. 274. 276).

O dom das vocações consagradas é fruto da oração pelas vocações: «Não era de maneira nenhuma por meio de cartas que as carmelitas devem salvar as almas, mas pela oração. “É preciso pôr mãos à obra. Rezemos muito. Que alegria, se no fim da Quaresma fôssemos atendidas!…” Oh! misericórdia infinita do Senhor, que tanto quer escutar a oração dos seus filhos!… No fim da Quaresma, uma alma mais se consagrava a Jesus. Era um verdadeiro milagre da graça, milagre obtido pelo fervor de uma humilde noviça» (C 25 r).

 

«O Bom Pastor dá a vida pelas suas ovelhas». «Os cordeirinhos podem dizer tudo o que quiserem; no fundo, sentem que os amo com um verdadeiro amor, que nunca imitarei “o mercenário que, vendo vir o lobo, deixa o rebanho e foge”. Estou pronta a dar a minha vida por eles, mas a minha afeição é tão pura, que não desejo que a conheçam. Com a graça de Jesus, nunca tentei atrair a mim os corações deles; compreendi que a minha missão era conduzi-los a Deus e fazer-lhes compreender que, cá na terra, vós éreis, minha Madre, o Jesus visível que eles devem amar e respeitar» (C 23 v).

 

«No Coração da Igreja, minha Mãe, eu serei o Amor» (Manuscrito B 3 v). «Ah! apesar da minha pequenez, quereria esclarecer as almas como os Profetas, os Doutores. Tenho a vocação de ser Apóstolo… Quereria percorrer a terra, pregar o teu nome, implantar no solo infiel a tua cruz gloriosa, mas, ó meu Bem-amado!, uma missão só não me bastaria. Quereria, ao mesmo tempo, anunciar o Evangelho nas cinco partes do mundo, e até nas ilhas mais longínquas… Quereria ser Missionário, não apenas durante alguns anos, mas quereria tê-lo sido desde a criação do mundo, até à consumação dos séculos» (B 3 r).

«A missão no coração do povo não é uma parte da minha vida, ou um ornamento que posso pôr de lado; não é um apêndice ou um momento entre tantos outros da minha vida. É algo que não posso arrancar do meu ser, se não me quero destruir. Eu sou uma missão nesta terra, e para isso estou neste mundo» (Papa Francisco, Christus vivit, n. 254).

«Teresa pôde definir a sua missão com as seguintes palavras. «Eu desejarei no Céu o mesmo que na terra: amar Jesus e fazê-Lo amar» (Ct 220). Não concebia a sua consagração a Deus sem a busca do bem dos irmãos. Por isso, é padroeira das missões, mestra de evangelização» (Papa Francisco, C’est la Confiance, n. 9).

A vocação orante do Carmelo na Igreja é uma missão especial ad vitam (para a vida) que terá continuidade na eternidade: «Sinto que vou entrar no repouso… Mas sinto sobretudo que a minha missão vai começar, a missão de fazer amar a Deus como eu O amo, de dar às almas o meu pequeno caminho. Se Deus realizar os meus desejos, o meu Céu passar-se-á sobre a terra até ao fim do mundo. Sim, quero passar o meu Céu a fazer o bem sobre a terra. Não é nada de impossível, pois que, no seio mesmo da visão beatífica, os Anjos velam por nós. Não posso fazer do Céu uma festa de regozijo para mim, não posso descansar enquanto houver almas para salvar… Mas quando o Anjo tiver dito: «O tempo acabou!» então descansarei, poderei gozar, porque o número dos eleitos estará completo e todos terão entrado na alegria e no descanso. O meu coração estremece com esta idéia…» (UC 17, 7).

 

Pe. Manuel Reis, ocd