“A vida monástica define-se pela escolha de um modo de vida que é ao mesmo tempo marginal e implicitamente crítico em relação à sociedade de consumo. Não é uma fuga, mas um despojar-se de si mesmo para tomar a cruz e seguir o Cristo” – Mosteiro da Transfiguração.
Os fiéis da Arquidiocese de Florianópolis e a população em geral ainda estão sob a recomendação do isolamento social, para auxiliar na prevenção da propagação do COVID-19. A medida parece ser a melhor alternativa para que os contágios sejam diminuídos. Muitos estão tendo dificuldade na adaptação neste período, pois o recolhimento é uma imposição e não uma escolha livre. Porém, há homens e mulheres, que por livre escolha se desligam do mundo para estarem mais próximos de Deus. Essas pessoas são chamadas a viver a enclausurados na vida monástica.
No site do Mosteiro da Transfiguração, na cidade de Santa Rosa, Rio Grande do Sul, encontramos uma definição clara da vivência da clausura: “a vida monástica define-se pela escolha de um modo de vida que é ao mesmo tempo marginal e implicitamente crítico em relação à sociedade de consumo. Não é uma fuga, mas um despojar-se de si mesmo para tomar a cruz e seguir a Cristo”.
“Na vida comunitária, os religiosos e religiosas aprendem a arte de perdoar e amar e de permitir que sua personalidade gradualmente se complete com as riquezas dos outros. Este processo de crescimento alimenta-se no diálogo constante, pessoal e comunitário, com Deus, na oração – verdadeira respiração vital da presença do Espírito Santo de Deus. E a oração une-se, naturalmente, ao trabalho manual ou intelectual, realizado por todos em espírito de oferenda e como serviço aos homens”, explica Dom Cristiano Collart, OSB, fundador do Mosteiro da Transfiguração.
A santificação através da oração, estudo e trabalho
Na Arquidiocese de Florianópolis há dois institutos femininos de vida monástica ou vida em clausura: o Carmelo Santa Teresa e da Divina Misericórdia e o Carmelo Cristo Redentor. Em ambos as religiosas vivem enclausuradas, em vida de recolhimento e oração. O Carmelo é um lugar de paz, alegria e amor, onde não há tempo para tristeza e ócio. As irmãs ocupam o seu dia unicamente para servir ao Senhor através da oração, estudo e trabalhos manuais. Afastadas do mundo, elas procuram viver uma vida apostólica, em comunhão com todos os missionários e missionárias da Igreja.
O dia-a-dia dentro do Carmelo é dividido entre tempos de silêncio e oração e tempos de vida comunitária. Além de participar da missa diariamente as irmãs se reúnem sete vezes ao dia para rezar, em união com toda a Igreja, a Liturgia das Horas. Para as religiosas é parte fundamental da vivência da sua vocação. Como explica o site do Carmelo Cristo Redentor: ““A vocação das Carmelitas Descalças é um dom do Espírito, que as convida a uma misteriosa união com Deus. Vivendo em amizade com Cristo e em intimidade com a Bem-Aventurada Virgem Maria, a oração e a imolação fundem-se vivamente com um grande amor à Igreja. Por isso, em virtude de sua vocação, estão chamadas à contemplação, tanto na oração como na vida. Este compromisso de viver em contínua oração nutre-se com a fé, a esperança e, sobretudo, com o amor de Deus. Desta maneira, com um coração puro, poderão conseguir a plenitude da vida em Cristo, e dispor-se a receber a abundância dos dons do Espírito”.
O Jornal da Arquidiocese conversou com a Irmã Marlei Maria do Coração de Jesus Redentor e de São João da Cruz, que vive há 35 anos a vida na clausura. A religiosa ingressou no Carmelo aos 20 anos e atualmente se encontra no Carmelo Cristo Redentor, em São José. Ela conta um pouco como é o cotidiano dentro do Carmelo e dá alguns conselhos para aqueles que estão em reclusão por causa da pandemia do COVID-19. Confira a entrevista:
Jornal da Arquidiocese: Como as irmãs se informam sobre o que acontece no mundo? Leem jornal, veem TV ou têm acesso à internet?
Irmã Marlei: Recebemos o L’Osservatore Romano com as notícias da Igreja e atualidades do Papa Francisco, o Jornal da Arquidiocese, as comunicações da Ordem Carmelitana, que vêm por e-mail. Lemos o site do Vaticano e o da Arquidiocese. Há pessoas que nos pedem orações, que frequentam o Carmelo, sacerdotes que celebram em nossa Capela. Utilizamos os meios de comunicação somente para fins religiosos.
Jornal da Arquidiocese: Conforme o site de vocês (na página Um dia no Carmelo), todas as irmãs vivem momentos comuns de oração, trabalho e recreação e também momentos fortes de silêncio e recolhimento pessoal. Houve alguma mudança por causa da pandemia?
Irmã Marlei: Sim. Na parte da tarde estamos vivendo momentos de Adoração ao Santíssimo Sacramento pedindo e clamando a misericórdia de Deus sobre todos os filhos de Deus, principalmente os que mais sofrem.
Jornal da Arquidiocese: Sabemos que a vocação ao recolhimento e à vida monástica não é para todos; porém, nossa sociedade se adapta por causa das medidas preventivas à disseminação do coronavírus. Autoridades têm pedido a todos que se recolham em suas casas. Mas muita gente tem tido dificuldade nessa adaptação. Quais conselhos vocês podem dar?
Irmã Marlei: Aceitar e acolher este momento como um tempo de graça e não com revolta. A serenidade interior é muito importante para todos nós. Assim podemos ver melhor, ponderar, decidir com mais segurança o que devemos viver e não levar a vida de qualquer jeito. Aproveitar bem o tempo para se dedicar mais à oração, à reflexão e à companhia dos familiares.
Jornal da Arquidiocese: Quais conselhos vocês dão para que as famílias cultivem a espiritualidade neste tempo de distanciamento social? E para aqueles que vivem sozinhos, longe da família, e precisam enfrentar a dor do isolamento?
Irmã Marlei: Uma boa ajuda é a leitura e oração com os Salmos. Ali encontramos orações que refletem os vários momentos, sentimentos que vivemos. É uma oração muito rica e proveitosa que nos dá força, conforto, alegria e esperança. A leitura orante da Palavra de Deus e bons filmes, especialmente dos santos. Nunca estamos sozinhos, somos morada de Deus, filhos muito amados, Deus está sempre conosco. Os que têm a graça de estar com a família, valorizem este momento e aproveitem para rezarem juntos. Quem fisicamente está só lembre-se: Deus está contigo, fale com Deus, ele te escuta com muito amor.
Jornal da Arquidiocese: A oração das religiosas de vida contemplativa é muito importante para a vida da Igreja. Tem aumentado o número de pedidos de oração a vocês? Vocês a têm intensificado neste momento em que muitas pessoas sofrem, seja por causa da doença, pela perda de pessoas queridas ou pelo impacto econômico nas famílias?
Irmã Marlei: Sim, pedidos de oração através do site e do telefone. A oração e uma Palavra inspirada por Deus e são sempre oportunas e renovam nossas forças na caminhada. Estamos intensificando e aumentando o tempo de oração. A oração é um grande dom de Deus, é a porta pela qual recebemos todos os bens, como nos ensina nossa Santa Madre Teresa de Jesus. Esperamos com nossa vida de oração ajudar todos os nossos irmãos e contribuir para que Deus liberte o mundo deste mal.
Jornal da Arquidiocese: Há algo mais que a senhora acha interessante destacar?
Irmã Marlei: Neste momento me vêm à mente as frases de uma canção que nos é conhecida e pode nos ajudar, pensando que Jesus está falando pessoalmente para cada um de nós: “Ninguém te ama como eu, olha para a Cruz, esta é a minha grande prova, ninguém te ama como eu”. Estamos unidos a todos através da oração e confiamos na graça de Deus, que sabe tirar do mal um bem maior.
Vida Monástica na Arquidiocese
Carmelo Cristo Redentor
O Carmelo Cristo Redentor está localizado em São José, e foi fundado em julho de 1989. A iniciativa da construção do mosteiro em Santa Catarina surgiu em 1969, numa reunião dos Bispos de Santa Catarina, em que foram apresentadas as condições e requisitos para a fundação de um Carmelo na Arquidiocese de Florianópolis. Após a aprovação unânime se iniciaram as ações para a construção do Carmelo em solo catarinense.
Após 16 anos de oração e confiança em Deus, foi encontrado um terreno propício, com fonte natural de águas límpidas, árvores silvestres e frutíferas, no bairro Picadas do Sul, em São José.
Quando estava construída a primeira ala do mosteiro, com a possibilidade de facilitar vida de observância regular em clausura, capaz de abrigar oito monjas, foi escolhido o dia 16 de julho de 1989, Solenidade de Nossa Senhora do Carmo, para a inauguração. Chamar-se-ia Carmelo Cristo Redentor.
Atualmente no Carmelo vivem nove religiosas, sendo a mais a velha Irmã Maria Stella do Sagrado Coração de Jesus, de 92 anos de idade e 71 anos de vida monástica. E a mais nova Gabriela Rosso, que está no Aspirantado e vai completar 18 anos dia 08 de julho.
Se você deseja conhecer melhor o Carmelo Cristo Redentor entre em contato através do telefone (48) 3257-0413 ou acesse o site do instituto www.carmelocristoredentor.org.br na aba “Fale Conosco”.
Carmelo Santa Teresa e da Divina Misericórdia
O Carmelo Santa Teresa e da Divina Misericórdia está localizado no bairro de Cabeçudas, na cidade de Itajaí, e sua fundação aconteceu em janeiro de 1986. A vinda da ordem para a Arquidiocese se deu através da iniciativa da Madre Beatriz de Santa Teresa, de Cruz Alta, no estado do Rio Grande do Sul.
Ao todo vivem hoje no Carmelo Santa Teresa e da DM, treze religiosas e mais uma jovem aspirante. A religiosa mais nova, Irmã Joana dos Sagrados Corações, tem 22 anos e está no Postulantado. A religiosa mais velha é a Irmã Rosa do Divino que está com 79 anos.
O mosteiro em que as religiosas residem atualmente foi alugado no ano da instalação do carmelo, 1986. Desde esta época as irmãs só realizaram reformas na estrutura. Porém, no começo do ano foi dado o início para a construção do novo mosteiro. Para que a obra siga as religiosas estão contando com doações que podem ser feitas através de transferência ou depósito bancário.
Se você deseja conhecer melhor o Carmelo Santa Teresa entre em contato através do telefone (47) 3348-7343 ou acesse o Facebook do instituto: www.facebook.com/pg/carmelo.itajai.
Dados bancários para as doações:
Banco Bradesco – Associação Beneficente Carmelo Santa Teresa e Divina Misericórdia
Agência: 0330-1 / Conta Corrente: 035.968-8
Fonte: Site da Arquidiocese de Florianópolis