O testemunho de Pe. Kolbe que transformou o evangelho em vida
Pe. Maicon André Malacarne*
O anúncio da paixão de Jesus Cristo é atravessado pela pergunta dos cobradores de impostos a Pedro: «o vosso mestre não paga o imposto do Templo?» (Mt 17,22-27). Trata-se da permanente tensão entre o ‘dom’ e a ‘obrigação’. De fato, Jesus viveu toda a vida como entrega, como ‘pagamento’, e a prova maior foi a cruz. A taxa do Templo era infinitamente menor do significado da Páscoa de Jesus, mas, para não escandalizar ninguém, Jesus disse a Pedro: «pega, então, a moeda e vai entregá-la a eles, por mim e por ti». A liberdade com que Jesus realizava cada gesto era firmada no compromisso de não gastar tantas forças com questões secundárias.
Uma das grandes conquistas da vida é a liberdade! Pessoas livres são muito fáceis para conversar, para conviver e são sempre generosas em acolher! Pessoas livres não se preocupam tanto com ‘o que os outros vão achar’, mas também descobrem que a liberdade é sempre um caminho de libertação, um ‘sapato’ para calçar todos os dias. A liberdade não é um ponto de chegada, sempre um ponto de partida na dinâmica de ‘livremente ser’.
Um dos maiores testemunhos de liberdade, dentro do campo de concentração de Auschwitz, foi de São Maximiliano Maria Kolbe, cuja memória a Igreja celebra hoje! O padre polonês foi preso em 1941 e partilhou o destino de sofrimento de muitos prisioneiros. O episódio mais conhecido da sua história data julho de 1941, quando um dos prisioneiros fugiu e, como castigo, a ‘lei do campo’ escolhia dez presos para morrer sem comer. Um dos escolhidos era Franciszek Gajowniczek, pai de família que, quando ouviu seu nome, começou chorar por causa dos filhos.
O Pe. Kolbe, então, se ofereceu para ir no lugar daquele pai. Por ser um padre, logo a guarda acolheu o pedido. Os dez presos sobreviveram 14 dias e, em 14 de agosto, para apressar a morte daqueles que os guardas encontravam sempre rezando, decidiram matá-los com uma injeção de fenol. Também partiu assim Maximiliano! O seu testemunho de liberdade, de dom, de entrega é o ressoar de quem assumiu radicalmente a Páscoa e o amor de Jesus Cristo e transformou o evangelho em vida.
* Diocese de Erexim/RS
Fonte:https://www.vaticannews.va/pt.html
A VIDA DE SÃO MAXIMILIANO (Canção Nova)
Origens
Rajmund Kolbe nasceu em Zdunska-Wola (Lodz), no centro da Polônia, em 8 de janeiro de 1894, e foi batizado no mesmo dia. A família mudou-se então para Pabianice, onde Raimundo frequentou a escola primária, sentiu um misterioso convite da Virgem Maria para amar generosamente Jesus e sentiu os primeiros sinais de uma vocação religiosa e sacerdotal. Em 1907, Raimundo foi acolhido no Seminário dos Frades Menores Conventuais de São Leopoldo. Em 4 de setembro de 1910, iniciou o noviciado com o nome de Fr. Maximiliano; e, em 5 de setembro de 1911, fez a profissão simples.
Ordenação e Lema de vida
Foi transferido para Roma, onde viveu de 1912 a 1919. Fez a profissão solene em 1º de novembro de 1914. Ordenado sacerdote em 28 de abril de 1918. Uma sólida e segura formação espiritual abriu o espírito de frei Maximiliano a uma aguda penetração e profunda contemplação do mistério de Cristo. Estes sentimentos de fé e resoluções de zelo, que Maximiliano resume no lema: “Renovar tudo em Cristo pela Imaculada Conceição”, estão na base da instituição da “Milícia de Maria Imaculada” (MI).
Polônia e a Milícia da Imaculada
Em 1919, padre Maximilian estava de volta à Polônia onde, apesar de uma grave doença que o obrigou a permanecer durante muito tempo no sanatório de Zakopane, dedicou-se com ardor ao exercício do ministério sacerdotal e à organização da MI. Em 1919, em Cracóvia, obteve o consentimento do Arcebispo para imprimir o “Relatório de Registro” da MI e pôde recrutar os primeiros soldados da Imaculada Conceição. Em 1922, ele começou a publicação de “Rycerz Niepokalanej” (O Cavaleiro da Imaculada Conceição), a revista oficial da MI; enquanto em Roma o Cardeal Vigário aprova canonicamente a MI como uma “Pia União”.
Posteriormente, a MI encontrará cada vez mais adesões entre sacerdotes, religiosos e fiéis de muitas nações. Entretanto, na Polônia, padre Maximiliano obtém a possibilidade de instalar um centro editorial autónomo no Convento de Grodno, que lhe permite publicar “Il Cavaliere” com edição e difusão mais proveitosas para “trazer a Imaculada Conceição aos lares, para que as almas, aproximando-se de Maria, recebam a graça da conversão e da santidade”.
Expansão
Em 1927, padre Kolbe iniciou a construção de uma cidade-convento perto de Varsóvia, a que chamou “Niepokalanów” (Cidade da Imaculada Conceição). Desde o início, Niepokalanów assumiu a fisionomia de uma autêntica “fraternidade franciscana”, pela importância primordial dada à oração, pelo testemunho de vida evangélica e pela vivacidade do trabalho apostólico. Os frades, formados e orientados por padre Maximiliano, vivem em conformidade com a Regra de São Francisco, no espírito de consagração à Imaculada Conceição, e todos colaboram na atividade editorial e no uso de outros meios de comunicação social para o aumento do Reino de Cristo e a difusão da devoção à Santíssima Virgem. Padre Kolbe, autêntico apóstolo de Maria, gostaria de fundar outras “Cidades da Imaculada” em várias outras partes do mundo; mas, em 1936, ele teve de retornar à Polônia para reassumir a liderança de Niepokalanów.
Guerra
Ele acolhe refugiados, feridos, fracos, famintos, desanimados, cristãos e judeus no convento, a quem oferece todo conforto espiritual e material. Em 19 de setembro, a polícia nazista deportou o pequeno grupo de frades de Niepokalanów para o campo de concentração de Amtitz, na Alemanha, onde padre Maximiliano encorajou os irmãos a transformar a prisão em uma missão de testemunho. Todos puderam regressar livres à Niepokalanów, em dezembro. Em 17 de fevereiro de 1941, padre Maximiliano foi encarcerado na prisão de Pawiak, onde sofreu as primeiras torturas pelos guardas nazistas; e, em 28 de maio, foi transferido para o infame campo de concentração de Oswiipcim.
A presença do padre Kolbe, nos vários quarteirões do campo da morte, foi testemunha da fé do sacerdote, pronto a dar a vida pelos outros; do religioso franciscano, testemunha evangélica da caridade e mensageiro da paz e do bem para os irmãos; do cavaleiro de Maria Imaculada, que confia todos os homens ao amor da Mãe divina. Envolvido nos mesmos sofrimentos infligidos a tantas vítimas inocentes, ele reza e faz rezar, suporta e perdoa, ilumina e fortalece na fé, absolve os pecadores e infunde esperança.
Martírio
A fé o fez, com extremo entusiasmo de amor, oferecer-se livremente para substituir um irmão prisioneiro condenado, juntamente com outros nove em represália injusta, a passar fome. No bunker da morte, padre Maximiliano fez ressoar com a oração o canto da vida redimida que não morre, o canto do amor que é a única força criadora, o canto da vitória prometida à fé em Cristo. Em 14 de agosto de 1941, véspera da festa da Assunção de Maria Santíssima, faleceu com uma injeção de ácido carbônico.
A minha oração
“Ao santo amigo da Cruz e de Jesus, que destes sua vida no lugar dos inocentes e a eles dedicou-se todo o tempo, pedimos a graça de crescer nas virtudes da coragem e da defesa dos mais necessitados. Que Nosso Senhor nos eduque nesse mistério do martírio diário. Amém!”
São Maximiliano Maria Kolbe , rogai por nós!
Ó Deus, inflamastes São Maximiliano Kolbe, presbítero e mártir, com amor à Virgem Imaculada e lhes destes grande zelo pastoral e dedicação ao próximo. Concedei-nos, por sua intercessão, que trabalhemos intensamente pela vossa glória no serviço do próximo, para que nos tornemos semelhantes ao vosso Filho até a morte. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Que a exemplo de São Maximiliano Kolbe, aprendamos a oferecer-vos a nossa vida e que sejamos inflamados no mesmo amor que recebeu de Ti. Por Cristo, nosso Senhor. Amém!
Fontes:
- vatican.va e vaticannews.va
- Martirológio Romano – liturgia.pt
- Liturgia das Horas
- Livro “Relação dos Santos e Beatos da Igreja” – Prof Felipe Aquino [Cléofas 2007]
– Pesquisa e redação: Rafael Vitto – Comunidade Canção Nova
– Produção e edição: Melody de Paulo