Está em andamento o processo de canonização de Madre Teresa de Calcutá e o milagre que pode elevá-la aos altares como santa poderia vir do Brasil, especificamente da cidade de Santos (SP). O caso da cura ainda inexplicável de um homem por intercessão da Beata está em análise no Vaticano, onde passa por um conselho médico da Congregação para a Causa dos Santos. Segundo fontes da diocese brasileira o Papa Francisco expressou o desejo de canonizar a Madre Teresa durante o Jubileu da Misericórdia, por ter sido um sinal da “misericordia divina para o mundo” no seu serviço aos pobres.
“Vi a dor e o sofrimento de toda a família, pois eles estavam iniciando uma vida nova (recém-casados) e a doença ia retardando muitos sonhos. Então, eu já tinha uma devoção muito grande a Madre Teresa, sempre rezo a Santa Missa na Casa das Irmãs (Missionárias da Caridade), em Santos, e a maneira como Madre Teresa enfrentava a dor, o sofrimento, e via nisso o sofrimento do próprio Cristo me inspirava a entender também o sofrimento daquela família”, relembrou Pe. Ferreira.
O sacerdote deu uma oração à Madre Teresa para que a família rezasse de maneira intensa e assim o fizeram. “A Madre Teresa tornou-se conforto e alento naquela longa jornada. Assim, quando se verificou a completa recuperação de sua saúde, e que os médicos, não sabiam explicar, eu entendi que ali estava a mão da Bem-Aventurada”, assinalou.
Padre Elmiran contou então o ocorrido às Irmãs Missionárias da Caridade na sua diocese, que levaram ao conhecimento da Superiora. Além disso, Pe. Elmiran revelou outro caminho por meio do qual a notícia da cura de N. (seu nome segue em sigilo) teria chegado ao Vaticano.
“O médico que cuidou de N. em Santos foi o mesmo que cuidou do Papa Francisco, na Jornada Mundial da Juventude, em 2013, e também narrou o caso para ele. Sua Santidade tomou para si o desejo de estudar melhor o caso e, por isso, os responsáveis de Roma vieram a Santos”.
Entre os dias 19 e 26 de junho, aconteceu na Diocese de Santos a primeira fase do processo , no Tribunal sobre a Causa da Bem-Aventurada Teresa de Calcutá, que coletou informações sobre o possível milagre e que contou com a presença do Postulador da Causa de Canonização de Madre Teresa, Padre Brian Kolodiejchuk. Entre os demais participantes estavam o Delegado episcopal vaticano para o tribunal local, Monsenhor Robert Sarno, e o vigário judicial da Diocese e promotor de justiça do caso, Padre Caetano Rizzi..
Pe. Rizzi declarou em entrevista exclusiva à ACI Digital que existe um desejo explícito do Papa Francisco de canonizar Madre Teresa durante o Ano da Misericórdia, pois considera a beata, apelidada de Mãe dos Pobres, um “modelo de misericórdia”.
“O Papa deseja, neste Jubileu, beatificar e canonizar homens e mulheres que sejam este sinal de misericórdia para o mundo, e Madre Teresa é um modelo, por isso tem certa pressa em dar andamento ao seu processo”, afirmou.
Em maio deste ano, o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Padre Federico Lombardi, confirmou ao Grupo ACI a possibilidade de Madre Teresa ser canonizada durante o Ano da Misericórdia.
“Não existe uma data oficial para a canonização, mas podemos dizer que a Congregação para as Causas dos Santos está estudando esta causa”, disse.
Conforme o calendário do Jubileu, no dia 4 de setembro de 2016 será celebrado o “Jubileu dos voluntários e operadores da misericórdia”, em memória da Beata Madre Teresa, cuja festa se comemora no dia 5 de setembro.
A fase diocesana do processo foi intensa, segundo o vigário judicial. Ele contou que foram ouvidas várias testemunhas e o possível miraculado. “Mas a graça de Deus nos faz chegar a conclusão de que não temos aqui uma palavra para explicar o que aconteceu”, disse.
Nesta segunda fase do processo, que decorre no Vaticano, o caso deve passar por um conselho médico da Congregação para a causa dos Santos e também por um conselho teológico. Só depois disso, é analisado pelos Bispos e Cardeais da Congregação para, então chegar ao Papa.
Conforme explicou Pe. Rizzi, o nome do miraculado só pode ser divulgado após a aceitação e publicação do milagre.
Para ele, além de ser um exemplo para todos em relação à misericórdia, Madre Teresa de Calcutá é também um grande nome da defesa da vida.
“Eu a conheci em 1980 ou 1981, quando fui a uma palestra dela no Anhembi (São Paulo), sobre o valor da vida. Madre Teresa defendeu a vida desde a concepção até o fim natural. Para mim, ela é a ‘Santa da vida’”, expressou.