Em seu discurso às autoridades civis na manhã de hoje na Casa de Nariño, na capital da Colômbia, o Papa Francisco os encorajou a caminhar em direção à paz e à reconciliação, superando o ódio e a vingança, para construir uma pátria que é a casa de todos os colombianos.
O Santo Padre saiu da Nunciatura Apostólica, onde está hospedado nesses dias durante a visita à Colômbia, por volta das 8h27, em um carro fechado e se dirigiu à Casa de Nariño, onde foi recebido pelo presidente Juan Manuel Santos.
Às 9h01, o Pontífice e o presidente renderam honras às bandeiras da Colômbia e do Vaticano, e depois ouviram os respectivos hinos. O conhecido cantor Fonseca interpretou a canção, acompanhado por uma orquestra sinfônica. Em seguida, cantou “Puede ser”.
O Papa, o presidente Santos e a sua esposa, caminharam no pátio onde ouviram os hinos saudando alguns fiéis, um grupo de crianças com Síndrome de Down e outros que sofreram queimaduras.
Em seguida, Santos e o Pontífice acenderam a “chama eterna” como símbolo da paz e da reconciliação; e depois o Papa abraçou um grupo de crianças.
Em suas palavras, o presidente colombiano disse: “Com muita alegria, damos-lhes as boas-vindas à nossa querida Colômbia, como presidente da República, em nome de mais de 49 milhões de compatriotas, e do fundo do coração”.
“Obrigado, Santidade, por nos confirmar na fé, na unidade e no amor”, acrescentou. “Obrigado, Santidade, por nos trazer a fonte viva da fé”.
Santos também se referiu ao processo de paz e disse que “precisamos dar esse primeiro passo, o mais importante de todos, o passo em direção à reconciliação. De nada serve silenciar os fuzis se continuamos armados em nossos corações”.
“Por mais de meio século, resignamo-nos à violência em nosso solo e as cinzas ainda são brasas ardentes que devemos apagar. Precisamos superar o ódio com a força maravilhosa do amor, precisamos ser capazes de perdoar e de pedir perdão”, destacou.
Em seu discurso às autoridades, ao corpo diplomático, aos empresários e aos representantes da sociedade civil e da cultura, o Pontífice lamentou: “O tempo gasto no ódio e na vingança é muito… A solidão de estar sempre uns contra os outros já se conta por decênios e aproxima-se dos cem anos; não queremos que qualquer tipo de violência restrinja ou suprima nem mais uma vida”.
“E quis vir aqui para vos dizer que não estais sozinhos, que somos muitos aqueles que vos queremos acompanhar nesta etapa; esta viagem quer ser um incentivo para vós, uma contribuição que aplane de algum modo o caminho para a reconciliação e a paz”.
O Santo Padre também citou Gabriel García Márquez, o conhecido escritor colombiano que, ao receber o Prêmio Nobel em 1982, disse que “nem os dilúvios nem as pestes, nem as carestias nem os cataclismos, nem mesmo as guerras sem fim durante séculos e séculos conseguiram reduzir a vantagem tenaz da vida sobre a morte”.
Francisco também enfatizou que só “com fé e esperança, é possível superar as numerosas dificuldades do caminho e construir um país que seja pátria e casa para todos os colombianos”.
O Papa elogiou a biodiversidade da Colômbia e expressou seu apreço “pelos esforços feitos, durante os últimos decênios, para pôr termo à violência armada e encontrar caminhos de reconciliação”.
Fonte: Acidigital