“Creio que no céu, minha missão será atraí as almas ao recolhimento de si mesma para aderirem a Deus, por um movimento inteiramente simples e amoroso, e guarda-las no grande silêncio interior que permite a
Deus imprimir-se nele e transforma-las n’Ele”.
Rolland , viram abalada a sorte do nascimento de sua primeira filha, os médicos constataram que o coração da pequena não batia mais e só se deteram em salvar a vida da mãe. Como bons católicos o sr. Catez, recorreu ao capelão militar que intercedesse pelo nascimento de sua filha, e na hora do santo sacrifício a pequena vem ao mundo.
Em 20 de fevereiro de 1883, nasce sua única irmã Margarida Catez.
Filha e neta de militares, Elisabeth trazia nas veias sangue de soldado pronto para a réplica. Até aos sete anos, sua infância foi caracterizada por grandes manifestações de cólera. Depois da morte do pai, ela melhorou um pouco, mais depois tudo volta novamente, sua mãe teve que ser forte e para educar sua filha a melhor maneira que encontrou foi, nega-lhe um beijo antes de dormir. Em 1 de janeiro de 1889, Elisabeth escreve a sua mãe; “Mãezinha querida, gostaria, ao desejar-te um feliz ano novo, de te prometer que serei bem ajuizada, muito obediente e que não te deixarei mais zangada, que não vou chorar mais e que serei exemplar para te dar prazer…” . Uma determinada determinação como fala Santa Teresa de Jesus, que será um ponto dominante na vida de Elisabeth.
Com oito anos Elisabeth já brilhava ao tocar o piano. A mãe sempre vigilante soube mantê-la na simplicidade.Aos treze, já havia ganhado seu primeiro prêmio de piano. Um jornal de sua cidade .Lê progrès de la Cote-d’Or, escreve em 8 de agosto de 1893: “A senhorita Catez, primeiro prêmio de piano, da classe do senhor Dietrich, foi aplaudida unanimente após a execução de Capriccio brilhant, de Mendelssonhn. É um prazer ver chegar ao piano esta jovem de apenas treze anos e que já é uma pianista distinta possuindo um excelente dedilhado, uma bela sonoridade e um verdadeiro sentimento musical. Um primeiro início como este permite fundar belas e grandes esperanças sobre esta jovem”.
Uma jovem que encantava ao tocar, mesmo nas festa aonde era solicitada, no carmelo porém como sabemos Elisabeth não voltará a tocar mais, porque ela mesma será para o divino artista, uma lira. “Esta alma vem a ser como uma lira nas mãos de Deus e todos os seus dons são como que outras tantas cordas que vibram para cantar, dia e noite,”o louvor de sua glória”.
Todos temos um dia marcante em nossas vidas e que jamais saiu de nosso coração, para Elisabeth este dia foi em 19 de abril de 1891, dia de sua primeira comunhão, a parti daqui ela começa a entender a grandeza da própria vocação. Se sente chamada a ser “Casa de Deus”. Uma vocação que amadureceu sempre mais, até chegar a consumação total em Deus. A determinação dessa criança, levou-a a dizer a uma amiguinha”Hoje não tenho fome, Jesus me saciou”. A tarde deste mesmo dia se dar a continuação dessa graça, junto com a mãe, vai visitar o Carmelo. Através da priora Madre Maria de Jesus, ela descobre o significado de seu nome , Elisabeth “Casa de Deus”. Para ela esse momento teve uma nota decisiva em sua vida, entende que era casa de Deus e procurou cultivar esse templo de uma maneira simples, sendo ela mesma, porque se deixou trabalhar por Deus, esse Deus que para ela era “Só Amor”.
Aos quatorze anos confessa, “durante uma ação de graças, senti-me irresistivelmente levada a escolhe-lo por único esposo, e sem demora, a Ele me liguei pelo voto de virgindade.Não trocamos palavras alguma, mas entregamo-nos um ao outro, com amor tão intenso que se tornou mais definitiva ainda a minha resolução de ser d’Ele exclusivamente”. Elisabeth viveu com fidelidade esse voto, mesmo sem confidenciar a ninguém a não ser o seu diretor espiritual. Esse amor esponsal se fez presente em qualquer lugar, mesmo dançando. Uma senhora disse; “Bem se via que ela estava totalmente tomada pelo Bom Deus e até meu filho encontrando-a numa festa, me disse; Vi, Elisabeth Catez. Tirei-a para dançar, mas tu sabes, ela não é como as outras. Mas por quer? Perguntei-lhe.Não sei. Mas, não é como as outras moças”.
Um dia depois da comunhão, Elisabeth, ouve no silêncio da alma a palavra “Carmelo”. Não duvidou do chamado divino. Diante de tal chamado Elisabeth não se assusta, não pede explicações abandona-se. No entanto ela é obrigada a esperar. “Meu Jesus, ah, quando poderei dar-me a vós? Tenho desejo de sofrer, de conduzir as almas para vós…(Diário 27, 07 de março de 1899). Mesmo sem a data marcada de sua entrada no carmelo, Elisabeth já vive essa vida de silêncio, fora dos muros da clausura. Quando seu segredo foi revelado a sua mãe, a sra. Maria Rolland, colocou obstáculo, até que se deixou vencer pelo desejo da filha, dando porém a tão desejada licença quando Elisabeth completasse 21 anos. Foram sete anos de espera, no entanto ela não perde tempo e se prepara com todo amor,para entrar ao carmelo. Procurando crescer ainda mais na intimidade com sua Amada Trindade. Enfim no dia 2 de agosto de 1901, Elisabeth entra no carmelo de Dijon, depois ela revela a sua irmã Margarida Catez.”Encontrei aquilo que procurava”.
Não podemos esquecer do papel importante que Maria teve na vida de Elisabeth, para ela , Maria é a porta do céu e que aprendeu dessa doce Mãe a estar aos pés da cruz, a ser a presa de Deus, e a ser virgem mãe. “Esta Mãe da graça vai formar minha alma, a fim de que sua filhinha, seja uma imagem viva de seu primogênito, o Filho do Eterno…”(UR 2)
Na vida comunitária Elisabeth sempre impressionou suas irmãs, com o seu contínuo sorriso e sua afável caridade e generosidade no relacionamento na vida comunitária.
Além dos grandes Santos do carmelo que tiveram na vida espiritual de Elisabeth uma grande importância, foi em São Paulo o grande Apóstolo, que ela descobre sua nova vocação de ser para Deus “Um louvor de Glória”, sua irmã de comunidade Ir.Maria Amada,partilhou com Elisabeth que tinha encontrado em São Paulo na carta aos Ef.1,12.”Deus criou-nos para Louvor de sua Glória”. Eis o novo nome de Elisabeth, ela mesma diz que assim que se chamará no céu.
Passemos para os últimos anos de Elisabeth no carmelo, no dia 1 de janeiro como é costume no carmelo de escolhermos um santo padroeiro, cai para Elisabeth no ano de 1906, São José e que muito a alegrou, disse ela no recreio.”É o padroeiro da boa morte,vem buscar-me para levar-me a Deus”.
Nesse mesmo mês Elisabeth acompanhou a comunidade num retiro pregado por um padre Jesuíta e este foi já uma preparação para sua entrada na via dolorosa. Mais tarde ela mesma confessa que sentia um cansaço, que sem o auxílio de Deus não teria suportado. “A oração era ainda o melhor remédio para o meu sofrimento”. Ninguém imaginava o que se passava com a serva de Deus, no entanto a doença de mal de Addison já estava em seu organismo. No meio da quaresma, graves sintomas no estômago se manifestava e nos primeiros dias que se seguiram à festa de São José, Elisabeth foi instalada na enfermaria. “Sabia que São José viria buscar-me este ano”.
Foram quase nove meses de sofrimento. “Quero ser uma humanidade de acréscimo”, dizia ela. Com o corpo todo consumido, Elisabeth foi para o seu Amado esta humanidade consumida em favor de sua igreja.
Numa carta enviada a sua mãe, ela diz;”Deus se compraz em imolar a sua pequena hóstia, esta missa, porém, que Ele reza comigo e cujo sacerdote é o seu amor, pode durar muito….”.
Sua Priora Madre Germana, já antecipando a partida próxima de sua filha espiritual, manifesta o desejo que Elisabeth anotasse no papel um memorial desta cara solidão.E do dia 16 a 30 de outubro de 1906, Elisabeth faz o seu retiro em preparação para o grande encontro e nos deixa por escrito o seu último retiro “Louvor de Glória”. Estas paginas, escritas durante cruéis sofrimentos e insônias, sob a pressão de dores tão vivas, que a carmelita se sentia desfalecer. “Ontem à noite, a minha alma estava numa espécie de desanimo, quando de repente, me senti como que invadida pelo amor”.
Suas palavras durante sua doença, revelam o grau de santidade que esta jovem chega e diz com sua vida até o último momento, que vale a pena se entregar ao amor.Até chegar a um estado de identificação com Jesus Crucificado. “Se Nosso Senhor me oferecesse a escolha entre a morte em um êxtase ou no abandono do calvário, eu a preferiria sob esta última forma;não pelo mérito, mas para O glorificar e a Ele me assemelhar”.
No final de Outubro com o estômago quase consumido, aceitava apenas alguma pedra de açúcar. Depois da festa de todos os Santos foi jejum absoluto. Elisabeth não podia nem mesmo engolir uma gota d’água.
No dia 1 de novembro foi sua última comunhão. No estado que estava não podia engolir nem mesmo um pedaço da Sagrada Hóstia, suas irmãs quando lhe falharam do grande sacrifício que devia ocasionar-lhe a privação de Deus.”Eu o encontro na cruz, dizia, é lá que Ele me dá sua vida”.
“É a Virgem, este ser todo iluminado, inteiramente puro da pureza de Deus, que me tomará pela mão para conduzir-me ao Céu, este Céu adorável”.
Enfim o tão sonhado dia chega 9 de novembro de 1906. Dias antes de morrer ela diz;”Eu vou para a Luz, para o Amor, Para a Vida”. Que a beata Elisabeth da Trindade nos ajude a encontrar o seu caminho do silêncio, para deixar somente Deus Trindade falar, este Deus que é todo Amor. “Ó meu Deus Trindade,que adoro”.
O Papa João Paulo II a proclama Beata em 25 de Novembro de 1984, fixando sua festa no dia 8 de novembro.
Ela nos deixou vários escritos espirituais, entre eles suas 291 cartas, 123poesias, retiros “Como encontrar o céu na terra” e “Louvor de Glória”,bilhetes espirituais a diversas pessoas, diário espiritual, Excursões no Jura, Tudo isso reunido no livro Chamado Obras completas de Elisabeth da Trindade. E sua conhecida Elevação escrita em 21 de Novembro de 1904.
“Ó Meu Deus Trindade que adoro ajudai-me a esquecer-me de mim mesma para fixar-me em vós, imóvel e pacifica como minha alma já,estivesse na eternidade.Que nada possa perturbar-me a paz nem fazer sair de vós, ó meu Imutável, mas que em cada minuto eu me adentre mais na profundidade de vosso Mistério. Pacificai a minha alma, fazei dela o vosso céu, vossa morada preferida e o lugar de vosso repouso. Que eu jamais vos deixe só, mas que aí esteja toda inteira,totalmente desperta em minha fé, toda em adoração, entregue inteiramente à vossa Ação criadora.
Ò meu Cristo amado,crucificado por amor, quisera ser uma esposa para vosso coração, quisera cobrir-vos de glória, amar-vos……até morrer de amor! Sinto, porém, minha impotência e peço-vos revestir-me de vós mesmo, identificar a minha alma com todos os movimentos da vossa, submergir-me, invadir-me, substituir-vos a mim, para que minha vida seja uma verdadeira irradiação da vossa.Vinde a mim como Adorador, como Reparador e como Salvador. Ó Verbo eterno, Palavra de meu Deus, quero passar minha vida a escutar-vos,quero ser de uma docilidade absoluta para tudo aprender de vós.Depois, através de todas as noites, de todos os vazios, de todas as impotências, quero ter sempre os olhos fixos em vós e ficar sob vossa grande luz; ó meu Astro amado, fascinai-me a fim de que não me seja mais possível sair da vossa irradiação.
Ó Fogo devorador. Espírito de amor, “vinde a mim”, para que se opere em minha alma como que uma encarnação do Verbo: que eu seja para ele uma humanidade de acréscimo na qual ele renove todo o seu Mistério. E vós, ó Pai,inclinai-vos sobre vossa pobre e pequena criatura, cobri-a com vossa sombra vendo nela só o Bem-Amado, no qual puseste todas as vossas complacências.
Ó meu Três, meu Tudo, minha Beatitude, Solidão infinita, Imensidade onde me perco, entrego-me a vós qual uma presa.Seputai-vos em mim para que eu me sepulte em vós,até que vá contemplar em vossa luz o abismo de vossas grandezas”.