Papa Francisco no Angelus da Assunção: o Senhor faz maravilhas com os pequenos
Mariangela Jaguraba – Vatican News
O Papa Francisco rezou a oração mariana deste sábado (15/08), Solenidade da Assunção de Nossa Senhora, com alguns fiéis reunidos na Praça São Pedro. No Brasil, a Solenidade da Assunção de Maria ao Céu é celebrada no domingo (16/08).
Na alocução que precedeu a oração, Francisco recordou uma frase que ficou famosa quando o homem pôs os pés na lua: «Este é um pequeno passo para um homem, um grande salto para a humanidade.» A seguir acrescentou:
A humanidade tinha atingido um marco histórico. Hoje, na Assunção de Maria ao Céu, celebramos uma conquista infinitamente maior. Nossa Senhora colocou os pés no paraíso: ela foi lá não só em espírito, mas também com seu corpo. Este passo da pequena Virgem de Nazaré foi o grande salto pra frente da humanidade. De pouco adianta ir à lua se não vivermos como irmãos na Terra.
“Que um de nós vive no céu com o corpo nos dá esperança: entendemos que somos preciosos, destinados a ressurgir. Deus não deixará que o nosso corpo desapareça no nada. Com Deus nada será perdido”, disse ainda o Papa.
Em Maria a meta foi alcançada e nós temos diante de nossos olhos o motivo pelo qual caminhamos: não para conquistar as coisas aqui em baixo, que desaparecem, mas a pátria lá em cima, que é para sempre. E Nossa Senhora é a estrela que nos orienta. Ela, como ensina o Concílio, “brilha como sinal de esperança segura e consolo para o Povo de Deus a caminho”.
A seguir, Francisco fez a seguinte pergunta: “O que a nossa Mãe nos aconselha?” “Hoje, no Evangelho”, disse o Papa, “a primeira coisa que ela nos diz é: ‘A minha alma engrandece ao Senhor’. Acostumados a ouvir estas palavras, talvez não prestemos mais atenção ao seu significado”.
Engrandecer literalmente significa “tornar grande”, aumentar. Maria “engrandece ao Senhor”: não os problemas, que não lhe faltaram naquele momento, mas o Senhor. Quantas vezes, nos deixamos dominar pelas dificuldades e nos deixamos absorver pelos medos! Nossa Senhora não, porque ela coloca Deus como a primeira grandeza da vida. Daqui nasce o Magnificat, daqui nasce a alegria: não da ausência de problemas, que mais cedo ou mais tarde chegam, mas a alegria nasce da presença de Deus que nos ajuda e está perto de nós. Porque Deus é grande e olha para os pequenos. Somos a sua fraqueza de amor: Deus olha e ama os pequenos.
Segundo o Papa, “Maria se reconhece pequena e exalta as “grandes coisas” que o Senhor fez por ela. Quais? Primeiramente, o dom inesperado da vida: Maria é virgem e fica grávida; e Isabel, que era idosa, também está esperando um filho.”
“O Senhor faz maravilhas com os pequenos”, disse ainda o Pontífice, “com quem não pensa ser grande, mas dá um grande espaço para Deus na vida. Ele estende a sua misericórdia sobre aquele que confia Nele e eleva os humildes. Maria louva a Deus por isso”.
“E nós, podemos nos perguntar, nos lembramos de louvar a Deus? Agradecemos a Ele pelas grandes coisas que Ele faz por nós? Por todos os dias que ele nos doa, porque nos ama e nos perdoa sempre, por sua ternura? E por nos ter dado sua Mãe, pelos irmãos e irmãs que Ele coloca em nosso caminho, porque abriu o Céu para nós?”, perguntou o Papa.
Segundo Francisco, “se esquecemos o bem, o coração diminui. Mas se, como Maria, nos lembrarmos das grandes coisas que o Senhor faz, se pelo menos uma vez por dia o engrandecermos, então damos um grande passo em frente. Uma vez por dia dizer: “Eu louvo ao Senhor”. Dizer “Bendito seja o Senhor”, que é uma pequena oração de louvor. Isso é louvar a Deus. O coração se dilatará com essa pequena oração, a alegria aumentará”. Peçamos a Nossa Senhora, a porta do céu, a graça de começar cada dia levantando nosso olhar para o céu, para Deus, para dizer-lhe obrigado, como dizem os pequenos aos grandes”, concluiu Francisco.
A Solenidade da Assunção de Maria dissipa os temores da pandemia
Federico Piana/Manoel Tavares – Vatican News
Durante o período de quarentena, por causa do Covid-19, a devoção a Maria aumentou no mundo inteiro. Este dia 15 de agosto, Solenidade da Assunção de Maria, que no Brasil é celebrado neste domingo, torna-se o ponto culminante de um percurso, no qual se elevaram ardentes e carinhosas invocações de ajuda mariana dos quatro Continentes. Padre Geraldo de Paolo, reitor do Santuário mariano do Amor Divino, em Roma, reflete sobre o tema: “A Assunção de Maria indica ao homem qual o seu destino eterno”.
À luz do período difícil e incerto, que a humanidade está atravessando, devido à pandemia, que já causou cerca de 760 mil vítimas no mundo, a Solenidade da Assunção de Nossa Senhora ao Céu, que se celebra neste sábado, 15 de agosto, reveste-se de uma importância bem mais intensa. As normas contra o contágio obrigaram as comunidades cristãs, no mundo inteiro, a celebrar seus ritos, procissões e festas, de forma mais contida e restrita. Hoje, a Solenidade mariana representa o ponto alto de um percurso de amor e devoção marianos, intensificados no período de quarentena. Com efeito, naqueles dias, multiplicaram-se, nos cinco Continentes, as devotas invocações a Maria, mediante a oração do terço, coletivo online, as procissões virtuais e os atos de consagração ao seu Coração Imaculado.
A virgem, nossa Mãe
“Maria sempre esteve presente na prática da piedade popular – afirma o Padre Geraldo de Paolo, reitor do Santuário romano de Nossa Senhora do Amor Divino -. Desde as origens, os fiéis dedicavam uma atenção amorosa à Mãe de Jesus. Com o tempo, esta devoção mariana se concretizou com os Dogmas da Igreja, proclamados ao longo da história, confirmando a sua fé no Filho de Maria: Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem. Por que nos dirigimos à intercessão de Nossa Senhora? Porque ela é a Mãe, a nossa Mãe”.
A Assunção ao Céu indica o destino do homem
O Dogma da Assunção de Maria ao Céu, de corpo e alma, foi proclamado pelo Papa Pio XII, durante o Ano Santo de 1950, com a Constituição apostólica “Munificentissimus Deus”. “Sabemos – explica o Padre Geraldo – que este foi o quarto e último dos Dogmas marianos, além dos da Imaculada Conceição, de Maria Mãe de Deus e da Virgindade perpétua de Maria, antes, durante e depois do parto. Para nós cristãos, a afirmação de que Maria foi elevada ao Céu, de corpo e alma, tem um significado muito importante: Maria é uma criatura humana e nos indica o nosso destino”.
Revelação do profundo significado da existência
Para constatar a certeza da nossa esperança, o Padre Geraldo de Paolo cita a Constituição dogmática sobre a Igreja, “Lumen Gentium”, do Concílio Vaticano II, que diz: “Maria é um sinal de esperança segura para o Povo de Deus, que peregrina na história’. Por isso, olhando a Maria, vislumbramos nosso destino final. Assim, a Solenidade de hoje nos oferece um dom seguro, que alimenta a nossa esperança na vida, que o Senhor preparou para todos os que nele creem”. Enfim, a Solenidade deste dia 15 de agosto, leva-nos a compreender o verdadeiro e pleno sentido da nossa existência.
O abraço de Maria
O reitor do Santuário de Nossa Senhora do Divino Amor não pode deixar de expressar seu pesar pela impossibilidade de oferecer a Maria a tradicional peregrinação, que os milhares de fiéis romanos sempre fizeram a pé ao seu Santuário, às vésperas da Solenidade da Assunção. “Desde o sábado após a Páscoa até o último sábado de outubro – diz o reitor – fazemos as tradicionais peregrinações noturnas a pé. Este ano, ainda não pudemos fazer. A peregrinação da Assunção é uma das mais importantes. No entanto, decidimos fazer celebrações ao ar livre, neste dia mariano, de manhã até à noite. Depois da quarentena, notamos um aumento crescente da visita de fiéis ao Santuário. Aqui, fazemos a experiência de um verdadeiro abraço!” Certamente, o abraço de uma Mãe.