Ascensão do Senhor, Reflexão do Evangelho!

“Ele se separou deles e foi levado para o céu.”

Evangelho — Lc 24, 46-53

Hoje celebramos e revivemos o ápice da Missão de Jesus. Num dia como este, ele foi finalmente levado ao céu, depois de quarenta dias, “aparecendo-lhes e falando-lhes acerca do reino de Deus”. Ele retornou ao Pai, como Ele mesmo havia anunciado e ensinado. E era necessário, antes de tudo, “porque o Pai é maior do que eu”, como ele dizia, usando uma frase provocativa que se discutiria ao longo da história e com a qual o que ele queria dizer era que ainda não estava tudo concluído, que lhe faltava o passo de retornar ao seu Pai para completar aquela Missão de revelar o mistério divino e de salvar os homens, fazendo com que eles também chegassem ao seu ápice, para serem integrados também, ainda que como filhos adotivos na Trindade, na vida divina. Também era necessário, ou nas palavras de Jesus, “é bom para vocês que eu vá”, porque, do contrário, o “outro Jesus”, o Paráclito, o Espírito que completará e realizará ao longo da história humana o plano de Deus, que sempre foi salvar e dar vida, não virá até nós. Esta é a importância essencial desta Solenidade da Ascensão, passo mais que é necessário para que a “promessa do Pai” se cumpra finalmente e para que o próprio Deus, Uno e Trino, possa enviar-nos o seu Espírito Santo, para permanecer entre nós como Espírito de Verdade, Vida e Sustentador da Presença de Cristo e do Pai em cada um de nós e na Igreja que Jesus fundou e quer manter até ao seu regresso. Jesus aproveita o momento para afirmar, mais uma vez e pela última vez, suas falsas esperanças: o reino de Israel não será restaurado e, em seu lugar, o Espírito virá para lhes dar força e fazê-los testemunhas ali, em Israel e em toda a terra. Depois disso, “foi levado ao céu até que uma nuvem o ocultou” Eles o adoraram.

E eles permanecem ali olhando “fixamente para o céu” e novamente, como recentemente na Ressurreição, “dois homens vestidos de branco” devem lembrá-los de que permanecer ali não é seu lugar nem sua missão, mas dar testemunho do que Jesus lhes confiou até que Ele volte “como o vistes partir”. O Evangelho recordou-lhes isto, recordou-nos ainda mais claramente: «Vós sois testemunhas disto», isto é, de que o Messias veio verdadeiramente, sofreu e ressuscitou dos mortos ao terceiro dia, para que em seu nome fosse pregada a conversão para o perdão dos pecados a todos os povos, começando pela própria cidade de Jerusalém. Para realizá-la, precisamos receber a Promessa do Pai e, para isso, precisamos permanecer “na cidade” até sermos revestidos de poder do alto. Enquanto aguardamos a Grande Solenidade de Pentecostes, daqui a uma semana, reflitamos sobre qual tem sido a nossa realidade desde que Jesus, abençoando os seus, “os deixou e foi elevado ao céu”. A primeira pista nos é dada no final deste Evangelho: “Eles voltaram para Jerusalém com grande alegria e estavam continuamente no templo, bendizendo a Deus”.O Evangelho termina como começou, no templo (cf. Lc 1,5ss), mas agora tudo é diferente. E a mesma coisa acontece conosco: tudo parece igual, Jesus não está presente de forma visível, mas, no entanto, o fruto do seu trabalho, o que ele realizou para todos, continua vivo entre nós e em cada um de nós. E nós o revivemos de modo muito especial quando nos reunimos para celebrar a sua Palavra e a sua Eucaristia: a Palavra e, sobretudo, o pão e o vinho que se transformam no seu Corpo e no seu Sangue, tornam-no verdadeiramente, ainda que sacramentalmente, presente. Não o vemos, temos que crer nele, mas essa fé nos conecta verdadeira e essencialmente com sua Pessoa, com o próprio Deus, que por meio dessa comunhão está nos salvando, nos recriando por dentro e querendo nos levar para o céu, onde nos espera.

Carmelitas Descalços, Província Ibérica

https://ocdiberica.com/