Ao meio-dia deste domingo, 19, do balcão do seu estúdio no Palácio Apostólico, o Papa Francisco rezou com os fiéis a oração do Regina Coeli, e ofereceu-lhes uma reflexão sobre o Evangelho deste domingo, que recorda o “novo” mandamento, o mandamento do amor, deixado por Cristo aos seus discípulos antes de morrer por nós na Cruz.
Esta foi a reflexão proposta pelo Santo Padre hoje:
“O Evangelho de hoje nos leva ao Cenáculo para nos fazer ouvir algumas das palavras que Jesus dirigiu aos discípulos no “discurso de despedida”, antes de sua paixão. Depois de lavar os pés dos Doze, Ele lhes disse: “Eu lhes dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também amai-vos uns aos outros ” (Jo 13:34).
Mas em que sentido Jesus qualifica como “novo” este mandamento? Sabemos que já no Antigo Testamento Deus havia ordenado aos membros do seu povo o amor ao próximo como a si mesmo (cf. Lv 19, 18). O próprio Jesus, àqueles que lhe perguntaram qual era o maior mandamento da Lei, respondeu que o primeiro é amar a Deus com todo o coração e o segundo amar o próximo como a si mesmo (ver Mt 22: 38-39).
Então, qual é a novidade deste mandamento que Jesus confia aos seus discípulos antes de partir deste mundo? O antigo mandamento do amor tornou-se novo porque a ele foi acrescentado: “como eu vos amei”. A novidade é tudo no amor de Jesus Cristo, aquele com quem ele deu a vida por nós. É o amor universal de Deus sem condições e sem limites, que encontra seu ápice na cruz. Nesse momento de extrema descida e de abandono ao Pai, o Filho de Deus mostrou e deu ao mundo a plenitude do amor.
Pensando na paixão e agonia de Cristo, os discípulos entenderam o significado daquelas palavras: “Como eu vos amei, assim amai-vos uns aos outros”.
Jesus nos amou primeiro, ele nos amou apesar de nossas fragilidades, nossas limitações e nossas fraquezas humanas. Foi Ele quem nos fez dignos de seu amor que não conhece limites e nunca termina. Ao dar-nos o novo mandamento, ele nos pede amar-nos uns aos outros não apenas e nem tanto com o nosso amor, mas com o seu amor, aquele que o Espírito Santo infunde em nossos corações se o invocamos com fé.
Desta forma – e só assim – poderemos amar não apenas com o amor que amamos a nós mesmos, mas como Ele, Jesus, nos amou e isso é infinitamente mais. Deus nos ama muito mais do que nós nos amamos. E assim será possível espalhar a semente do amor que renova em todos os lugares as relações entre as pessoas e abre horizontes de esperança. Esse amor nos faz novos homens, irmãos e irmãs no Senhor, e faz de nós o novo povo de Deus, a Igreja, na qual todos são chamados a amar a Cristo e Nele amar uns aos outros.
O amor que se manifesta na cruz de Cristo e que Ele nos chama a viver é a única força que transforma nosso coração de pedra em um coração de carne; é o que nos torna capazes de amar nossos inimigos e perdoar aqueles que nos ofenderam; que nos faz ver o outro como um membro atual ou futuro da comunidade de amigos de Jesus; que nos estimula a dialogar e nos ajuda a ouvir e nos conhecermos. O Amor nos abre para o outro, tornando-se a base dos relacionamentos humanos. Isso nos torna capazes de superar as barreiras de suas próprias fraquezas e preconceitos, este cria pontes, ensina novos caminhos e desencadeia o dinamismo da fraternidade.
Que a Virgem Maria nos ajude, com sua intercessão materna, a receber do seu Filho, Jesus, o dom do seu mandamento, e do Espírito Santo a força para praticá-lo na vida diária”.
Fonte: Acidigital