“Cuidado para que ninguém vos engane”

O penúltimo domingo do ano litúrgico é dedicado à escuta e à celebração dos discursos de Jesus sobre o fim dos tempos, sobre como este mundo terminará. Este tema era essencial para os ensinamentos dos mestres daquela época, e ainda mais para os de Jesus, que anunciou com palavras, ações e gestos que, em certo sentido, este mundo já havia terminado e que o próprio Deus estava começando a renovação da criação. Jesus inicia sua exposição falando do templo judaico em Jerusalém, que seus ouvintes tanto admiravam; era considerado uma das grandes maravilhas do mundo, e o rei Herodes de fato investiu muito tempo e riqueza em seu embelezamento, respeitando todas as instruções prescritas pelas Escrituras para sua construção. Jesus, porém, anuncia que tudo isso será destruído até seus alicerces. Afirmar que o próprio Deus destruirá o principal sinal do cumprimento da Aliança que consagra o povo e a terra e lhes dá sentido é algo muito importante e decisivo, e todos os profetas tiveram que explicar por que o disseram. Por isso, este é o ponto mais importante que Jesus aborda neste discurso. Mas os ouvintes parecem mais interessados ​​em saber quando isso acontecerá do que no evento em si e em seu significado. Jesus ensina-lhes que tempos e datas não importam e que, em vez disso, devem estar vigilantes para que ninguém os engane com falsidades, precisamente sobre datas e sinais de destruição. Porque tudo isso não faltará, e é por isso que não é o fator decisivo. Sejam guerras ou desastres naturais, eles vêm ocorrendo desde então, e o mais importante diante deles não é se alarmar nem alarmar ninguém, mas preservar a fé e a verdade recebidas do próprio Jesus e testemunhar sua presença e ação em meio a um mundo que vem desmoronando desde então, senão antes. A data dos desastres não pode ser prevista; depende da paciência de Deus se esgotar e das forças históricas intervirem. Mas é importante saber que aqueles que creem em Jesus serão perseguidos, desprezados, ameaçados de extinção em muitas ocasiões e levados ao limite por defenderem a verdade e se recusarem a aceitar mentiras. Jesus também diz aqui que essa mesma verdade será, e é, nossa melhor defesa, porque não é apenas mais uma opinião ou uma mera esperança vaga, mas o próprio significado da realidade, revelada pela razão, livre de ideologias e falsidades, e pela revelação tanto do Antigo quanto do Novo Testamento. Apesar dessas perseguições, Jesus nos lembra que os cristãos são pessoalmente protegidos pelo próprio Deus e, portanto, nada do que é verdadeiramente nosso, em alma ou corpo, nos será tirado. E será a perseverança, permanecendo em Cristo, o Caminho, a Verdade e a Vida, vivendo verdadeiramente como seus “amigos fortes”, que salvará nossas almas, nossas vidas e nos sustentará até que tudo seja consumido e a plenitude pela qual oramos a cada dia possa finalmente ser alcançada.A vontade de Deus na terra, assim como já foi feita no céu.