Vida consagrada, dom da Trindade à Igreja!

A vida consagrada, dom à Igreja

A vida consagrada, profundamente arraigada nos exemplos e ensinamentos de Cristo Senhor, é um dom de Deus Pai à sua Igreja, por meio do Espírito. Através da profissão dos conselhos evangélicos, os traços característicos de Jesus — virgem, pobre e obediente — adquirem uma típica e permanente “visibilidade” no meio do mundo, e o olhar dos fiéis é atraído para aquele mistério do Reino de Deus que já atua na história, mas aguarda a sua plena realização nos céus.

Ao longo dos séculos, nunca faltaram homens e mulheres que, dóceis ao chamamento do Pai e à moção do Espírito, escolheram este caminho de especial seguimento de Cristo, para se dedicarem a Ele de coração « indiviso » (cf. 1 Cor 7,34). Também eles deixaram tudo, como os Apóstolos, para estar com Cristo e colocar-se, como Ele, ao serviço de Deus e dos irmãos. 

Institutos inteiramente dedicados à contemplação

Os Institutos orientados completamente à contemplação, formados por mulheres ou por homens, constituem um motivo de glória e uma fonte de graças celestes para a Igreja. Com a sua vida e missão, as pessoas que deles fazem parte imitam Cristo em oração no cimo do monte, testemunham o domínio de Deus sobre a história, antecipam a glória futura.

Na solidão e no silêncio, mediante a escuta da Palavra de Deus, a realização do culto divino, a ascese pessoal, a oração, a mortificação e a comunhão do amor fraterno, orientam toda a sua vida e atividade para a contemplação de Deus. Oferecem assim à comunidade eclesial um testemunho singular do amor da Igreja pelo seu Senhor, e contribuem, com uma misteriosa fecundidade apostólica, para o crescimento do Povo de Deus.

É um testemunho esplêndido e variados, onde se reflete a multiplicidade dos dons dispensados por Deus aos fundadores e fundadoras que, abertos à ação do Espírito Santo, souberam interpretar os sinais dos tempos e responder, de forma esclarecida, às exigências que sucessivamente iam aparecendo. Seguindo os seus passos, muitas outras pessoas procuraram, com a palavra e a ação, encarnar o Evangelho na própria existência, para apresentar aos seus contemporâneos a presença viva de Jesus, o Consagrado por excelência e o Apóstolo do Pai. É em Cristo Senhor que se devem continuar a rever os religiosos e religiosas de cada época, alimentando na oração uma profunda comunhão de sentimentos com Ele (cf. Fil 2,5-11), para que toda a sua vida seja permeada de espírito apostólico, e toda a ação apostólica seja repassada de contemplação.

TRECHO DA EXORTAÇÃO APOSTÓLICA PÓS-SINODAL VITA CONSECRATA DO SANTO PADRE JOÃO PAULO II

 

Estima, louvor e ação de graças pela vida consagrada e a vida contemplativa monástica

Recordemos as palavras do Papa Francisco na Constituição Apostólica VULTUM DEI QUAERERE: “A vida consagrada é uma história de amor apaixonado pelo Senhor e pela humanidade: na vida contemplativa, esta história constrói-se, dia após dia, através da busca apaixonada do rosto de Deus, na relação íntima com Ele. A Cristo Senhor, que «nos amou primeiro» (1 Jo 4, 19) e «Se entregou a Deus por nós» (Ef 5, 2), vós, mulheres contemplativas, respondeis com a oferta de toda a vossa vida, vivendo n’Ele e para Ele, em «louvor da sua glória» (Ef 1, 12). Nesta dinâmica de contemplação, sois voz da Igreja que incansavelmente louva, agradece, geme e suplica por toda a humanidade e, com a vossa oração, sois colaboradoras do próprio Deus e reergueis os membros cadentes do seu corpo inefável.

Os contemplativos, atraídos pelo esplendor de Cristo, «o mais belo dos filhos dos homens» (Sal 45, 3), situam-se no coração da Igreja e do mundo e encontram, na busca sempre inacabada de Deus, o principal sinal e critério da autenticidade da sua vida consagrada.