O Silêncio de Maria
Mãe que guardava a Palavra de Deus em teu coração, ensina-nos, no silêncio, escutar e guardar a Palavra de Deus em nossos corações…
Noite e dia te encontras, ó Virgem fiel, em profundo silêncio, em paz, em oração permanente, inundando o teu ser de luz eterna. O teu coração, como um cristal é reflexo de Deus, Beleza eterna, teu Hóspede. Tu, ó Maria, atrais para o céu. É o Pai quem te entrega o Seu Filho. Com a sua sombra, o Espírito de Amor virá sobre ti.
Ó Maria! Tu és a criatura da atenção interior, do perfeito silêncio, da escuta perfeita e consumada. Fizeste-te pobre e humilde no árduo trabalho da cada dia; viveste trabalhando no templo, fatigada com a pobreza de Belém, pobre pelos caminhos da terra; conheceste as amarguras e as fadigas do trabalho quotidiano, mas nada te afastou do silêncio interior, do constante colóquio interior, do silêncio e da escuta interior. Tu és a criatura da intensa e consumada escuta….
Escutaste a palavra da grande mensagem e recebeste-a com serenidade; escutaste os cânticos dos anjos sobre a gruta do teu Unigênito e acolheste-os com humildade e alegria, escutaste a palavra do exílio e seguiste-a com confiança e paciência; escutaste a palavra que desenhava sobre ti o grande sinal da cruz e aceitaste-a com fortaleza e generosidade; escutaste da boca do Senhor a terrível palavra que não compreendeste e guardaste-a no teu coração, no silêncio, como uma pérola preciosa e defendeste-a contra todas as coisas da terra, protegendo-a. Tu não perdias nem uma só das palavras do teu Filho, não perdias nem uma só das palavras que, no teu interior, pronunciava o Espírito Santo que te fecundara no mistério infinito da Encarnação. Escutavas e conservavas tudo no teu íntimo, já com a solicitude piedosa de filha diante da grande Palavra do Pai, já com a discreta intimidade duma esposa diante da palavra ardente do Espírito, já com a amorosa ternura de mãe perante as doces palavras do Verbo feito carne da tua carne. (C. Canovai, Suscipe, Domine)